A mudança da indústria automobilística para veículos elétricos desencadeou uma corrida para garantir o fornecimento de lítio, níquel, grafite e outros materiais essenciais para a fabricação de baterias, muitos dos quais são atualmente extraídos e processados fora dos Estados Unidos em lugares como China e Austrália.
O espectro de uma eventual escassez de baterias de veículos elétricos está levando as montadoras a se envolverem mais diretamente no negócio de mineração, que é amplamente estranho para eles e apresenta novos riscos.
O esforço reflete uma percepção tardia dos executivos do setor automotivo de que o setor de mineração – apesar da promessa de grande demanda – não se mobilizou para desenterrar o suficiente desses minerais para baterias. Agora, as montadoras estão desempenhando o papel de investidores e clientes. Muitos estão usando seus bolsos fundos para ajudar a colocar as minas em funcionamento, garantindo a compra dos materiais extraídos.
O resultado é uma aliança aleatória de dois setores que, de muitas maneiras, formam estranhos parceiros. O negócio de automóveis é regido por rígidos cronogramas de fábrica e pela precisão mecânica de sua vasta cadeia de suprimentos global. Na mineração, estouros de custos e atrasos são comuns, e mesmo os operadores mais sofisticados nem sempre sabem se esses empreendimentos arriscados darão certo. As montadoras dizem que querem preços estáveis e protegidos; as mineradoras estão acostumadas a oscilações selvagens do mercado.
Para as montadoras, a pressão é para resolver problemas de abastecimento. Novas fábricas de baterias estão surgindo nos Estados Unidos, e as montadoras estão investindo bilhões de dólares em fábricas de veículos elétricos. Eles estão se movendo rapidamente para ficar à frente dos regulamentos que restringem as emissões de gases e não querem ficar para trás quando as vendas de veículos elétricos decolarem.
Um dos maiores gargalos é o lítio, um metal branco macio que é o carro-chefe das baterias recarregáveis. A expectativa é de que a demanda de lítio processado supere em muito a oferta na próxima década, a menos que a indústria de mineração expanda drasticamente a produção, dizem analistas e produtores.
Em janeiro, a General Motors (GM) concordou em investir em um projeto de desenvolvimento conjunto com a mineradora Lithium Americas, com sede em Vancouver. O acordo dá à GM direitos exclusivos sobre o lítio extraído de um local remoto no deserto de Nevada chamado Thacker Pass, que as empresas dizem ser uma das maiores fontes conhecidas de lítio nos Estados Unidos.
A Ford Motor disse em março que investiria uma quantia não revelada para comprar uma participação acionária em uma mina de níquel da Indonésia. A Stellantis disse em fevereiro que investiria US$ 155 milhões em uma mina de cobre na Argentina. “Você precisa garantir seu abastecimento. Se não, você está fora do mercado”, disse o diretor-presidente da Stellantis, Carlos Tavares, em abril.
A Tesla, pioneira em veículos elétricos, trabalhou durante anos para melhorar seu acesso a suprimentos de bateria. Em 2022, a Tesla contratou de empresas de mineração ou refinarias mais de 95% do hidróxido de lítio e 55% do cobalto necessário para as baterias. Não está claro se esses números se referem apenas às baterias internas da Tesla ou também às recebidas de fornecedores. A Tesla não respondeu a um pedido de comentário.