O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, demonstra simpatia com a ideia defendida por grande parte da indústria automobilística de o Brasil desenvolver e produzir automóveis híbridos, que possam usar etanol, antes de ingressar definitivamente no mercado dos 100% elétricos. “O carro elétrico virá, mas temos que investir na infraestrutura”, destacou, ao participar do encerramento de seminário sobre eletromobilidade, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
O também ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços repetiu, dessa forma, um dos argumentos sustentados por parte das montadoras. São as mesmas empresas que reivindicam ao governo o fim da isenção do Imposto de Importação para carros elétricos produzidos em outros países.
“Somos o maior produtor de cana do mundo. Isso tem que ser levado em conta na discussão das rotas tecnológicas”, disse.
Mais tomadas
O carro híbrido tem dois motores – um a combustão que ajuda a alimentar outro elétrico. Já modelos 100% elétricos necessitam de tomadas, o que exige a necessidade de o país ter mais postos de recarga espalhadas pelas rodovias, por exemplo.
O ministro aproveitou o evento automotivo para comentar sobre o programa de incentivos fiscais, lançado pelo governo no dia 6, que resulta em descontos nos preços dos carros. “O programa é emergencial, transitório, mas importante”, destacou ele, ao falar com a imprensa após o encerramento do seminário, que durou o dia todo. “A procura (por carros) cresceu”, disse.
Alckmin também elogiou o potencial do Brasil na produção de biocombustíveis e lembrou a intenção do governo de aumentar a mistura de etanol na gasolina, dos atuais 27% para 30%. E mostrou-se preocupado em buscar meios para acelerar a substituição da querosene de aviação pelos biocombustíveis.
“Também podemos fazer hidrogênio verde a partir do etanol”, destacou, repetindo informações que tem colhido com o setor automotivo.
Câmbio “está bom, competitivo e ajuda na exportação”
Para o ministro, o câmbio “está bom, competitivo e ajuda na exportação”. A necessidade de focar o mercado externo foi um dos pontos destacados pelos representantes da indústria que participaram do seminário nesta quarta-feira (14). Segundo eles, sem exportar, o Brasil não alcança escala para pensar na futura produção de carros elétricos.
Alckmin observou, ainda, que os juros estão em queda. “E temos a convicção de que haverá queda da taxa Selic também”, destacou.
Para ele, é preciso estar atento a isso. “Eu comprei um carrinho em 48 prestações. Depois desse tempo, troquei por outro com novo financiamento em 48 meses. Hoje, 70% das vendas são feitas à vista”, disse.
Alckmin estava à vontade com os executivos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), organizadora do seminário “Conduzindo o futuro da eletrificação no Brasil”, que reuniu executivos do setor, ministros e deputados em painéis que duraram todo o dia.
O vice-presidente disse que “quer ouvir a Anfavea” para a neoindustrialização do país. A entidade fará parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.
Ao final, o ministro visitou uma exposição de 40 veículos elétricos organizada pelas montadoras no saguão do centro de convenções. Subiu em caminhões, entrou em automóveis e ouviu explicações de empresas como a WEG, produtora brasileira de motores elétricos.