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Empresário que produzia fios de energia irregulares tentou interferir nas investigações, diz delegado

De acordo com Eduardo Passamani, empresário João Ramos Lopes, da Luzzano, enviou mensagens pedindo ajuda para frear as investigações do caso

A Polícia Civil do Espírito Santo está investigando a tentativa do empresário João Ramos Lopes, suspeito de fabricar fios de energia irregulares, de interferir na investigação.

De acordo com a Delegacia do Consumidor, enquanto respondia ao processo em liberdade, o empresário continuou ganhando dinheiro vendendo fios irregulares. Ele lucrou R$ 70 milhões em dois anos. O delegado afirma que a investigação é complexa e o mais difícil é saber quantas pessoas estão expostas ao perigo.

Empresário suspeito de vender fios irregulares tentou anular investigação, diz delegado

O delegado Eduardo Passamani afirmou que o empresário enviou mensagens pelo celular pedindo ajuda a pessoas para que as investigações do caso fossem interrompidas. A polícia tenta descobrir se ele agiu sozinho ou se mais pessoas fazem parte desse esquema.

Na Grande Vitória, as unidades de saúde de Flexal II, em Cariacica, continuam fechadas. A prefeitura diz que a troca dos fios já começou. Na creche do bairro Alecrim, em Vila Velha, técnicos esperam a chegada de novos fios pra fazer a substituição.

Uma perícia mostrou que havia risco de incêndio na fiação nos dois locais. A comissão que defende o consumidor já alertou mais de 60 condomínios em todo o Espírito Santo.

A comissão de defesa do consumidor da Assembleia Legislativa recebe denúncias de vários estados. A polícia descobriu que os fios foram vendidos para, pelo menos, nove estados do país. Mas uma lista encontrada na fábrica traz nomes de centenas de empresas de todo o país que fizeram contato com a Luzzano, interessada em comprar os fios. A maioria são construtoras, revendedoras e empreiteiras. A polícia investiga quantas realmente fizeram a compra.

O Caso

O empresário João Ramos Lopes está preso. A defesa dele alegou que a prisão não tem fundamento, e que o empresário sofre de problemas cardíacos, mas a Justiça negou o pedido de soltura.

Ele foi preso em agosto, no mesmo dia em que a Polícia Civil fechou a fábrica da marca Luzzano, no município da Serra. De acordo com a Polícia, os fios foram fabricados sem as normas técnicas de segurança.

Em 2019, o empresário já tinha sido preso pelo mesmo motivo, mas pagou uma fiança de R$ 100 mil para sair da prisão. Ele foi solto para responder em liberdade, mas continuou cometendo o mesmo crime, e foi preso novamente neste ano.

Teste

De acordo com o doutor em engenharia elétrica Pablo Muniz, uma das irregularidades era o uso de alumínio.

“Ele adicionava mais material isolante por fora, de modo que quem olhava dizia: ‘esse cabo está na grossura certa’. Mas se quem entende prestar atenção, percebia que na verdade o cabo tinha menos cobre – que é a alma do cabo – e mais material isolante, que é um material mais barato que o cobre. Com isso, o cabo não tem aquela capacidade de conduzir energia que o comprador acreditava ter”, explicou.

Policiais também encontraram fios e cabos elétricos com uma quantidade menor de cobre que o indicado nas embalagens.

Em um teste, uma corrente elétrica alta é aplicada num fio com menos cobre que o ideal. A cor avermelhada do sensor indica que o fio está superaquecido, o que pode levar a um incêndio.