Dobrar de tamanho dentro de dois anos, tornando-se o segundo maior produtor de cobre no País. Este é o plano da Ero Brasil, controlada pela Ero Copper, que está investindo aproximadamente R$ 3,1 bilhões em três projetos de cobre (um no Pará e dois na Bahia), além de um investimento menor numa mina de ouro em Mato Grosso. Este foco em crescimento fez com que a Ero Brasil fosse novamente eleita como Empresa do Ano do Setor Mineral, desta vez na categoria Crescimento.
De acordo com o CEO da Ero Brasil, Eduardo De Come, essa motivação pelo crescimento começa em 2016, quando a Ero Copper adquiriu a Mineração Caraíba, que então se encontrava paralisada. “Desde aquela época a Ero Copper já tinha a visão de que o cobre é um metal que tem uma expectativa de consumo crescente ao longo do tempo, com perspectivas de melhoria de preço e de retorno dos investimentos feitos. Este, inclusive, foi um dos motivos que levaram a Ero Copper a investir naquela época na Caraíba”.
No início da gestão da Ero Copper na Caraíba, o foco principal foi garantir uma vida útil dos ativos, a fim de que a empresa tivesse um pouco mais de tranquilidade para planejar investimentos mais robustos. “E isso envolveu, num primeiro momento, um investimento bastante significativo em geologia ao longo dos anos. A Ero Copper investiu de 30 a 40 milhões de dólares por ano em geologia, o que hoje permite que se tenha uma visualização de vida útil, na mina Caraíba, até 2040. Esse aumento das reservas certificadas deu um pouco mais de tranquilidade para planejar investimentos de maturação um pouco mais longa. Nesse contexto, a empresa ficou mais à vontade para planejar investimentos de longo prazo”, diz o executivo.
Em paralelo a isso, ganhou fôlego no mercado o movimento chamado de Transição Energética, composto por um tripé que inclui o carro elétrico, a energia eólica e a energia solar, segmentos que têm consumo de cobre bastante significativo. “A energia eólica e solar por conta da transmissão (o cobre é o melhor metal para transmissão de energia) e no carro elétrico, a condução da energia aumenta em quase três vezes o consumo de cobre por cada veículo produzido. Então quando se soma, do nosso lado, uma situação de produção mais estável e do outro um claro indicador de que o consumo de cobre deve ser maior ao longo do tempo, a empresa se sentiu mais à vontade para fazer investimentos mais robustos e valiosos que estavam sendo estudados há algum tempo”, detalha De Come.
Na Mineração Caraíba há dois investimentos principais, que são a expansão da capacidade da planta de processamento de minério de cobre e a construção de um shaft, que vai permitir explorar o metal que está em áreas mais profundas da mina. E no Pará tem o projeto Tucumã (antes denominado Boa Esperança), que era um direito minerário que a Caraíba havia adquirido da Codelco em 2007.
O mercado favorável para o cobre, em médio e longo prazo, mais uma visão de que precisava ter uma operação estável pelos próximos 20 anos, levaram a empresa a tirar esses projetos do papel. No caso do projeto Tucumã, De Come afirma que a empresa apostou em tecnologias já consagradas no setor de mineração, embora mais atuais. “É o caso do moinho de bolas, do moinho vertical, e das células de flotação. Buscamos fornecedores bastante conhecidos no mercado, por seu compromisso com prazo e qualidade, tanto no mercado interno quanto internacional (para os casos em que não há fabricação nacional), e isso permitiu que pudéssemos ter um prazo de construção relativamente curto. Temos um time de projeto bastante competente, nos cercamos de algumas empresas de consultoria nacionais que têm apoiado nos serviços de engenharia e isso tudo permitiu, usando o que há de mais novo no mercado, uma tecnologia já consagrada, bons fornecedores de serviços e equipamentos, conseguir fazer, num prazo relativamente curto, uma obra grande, com um investimento de mais de US$ 300 milhões”.
De Come explica que o minério de Tucumã é muito parecido, do ponto de vista físico, com o minério que a empresa já conhece na Caraíba, portanto dá para replicar o processo de beneficiamento. No caso da lavra, como o depósito está um pouco mais próximo da superfície, a empresa decidiu iniciar com uma mina a céu aberto, o que de certa forma se assemelha ao início da Caraíba, na década de 1970, que também começou com lavra a céu aberto. O pit desenhado para Tucumã permite que a mina seja lavrada a céu aberto pelos próximos doze anos. “E temos a expectativa que, à medida que tivermos condições de fazer sondagem mais profunda, possa ter também continuidade para uma mina subterrânea, como aconteceu com a Caraíba. Mas ainda é muito cedo para falar disso. A geometria do corpo permitiu que se começasse com a lavra a céu aberto e também isso facilita o acesso ao corpo. A mina a céu aberto tem um custo de extração significativamente menor, porque não se precisa fazer desenvolvimento de galerias, contenções nas galerias e o acesso ao minério é muito mais simples. Por outro lado, existe um trade off, porque os teores que acessamos em Tucumã são de 0,8% a 0,9% de cobre, comparativamente aos 1,5 a 2,0% na Caraíba, que tem um teor maior do minério, mas um custo mais alto de extração. E Em Tucumã se tem um custo menor de extração, mas também um teor menor. Porém, mesmo com um teor menor, a operação tem condições de ser bastante lucrativa”, pondera o dirigente.
No primeiro ano pleno de operação, de junho de 2024 a julho de 2025, a empresa pretende produzir em Tucumã 55 mil toneladas de concentrado de cobre, portanto acima da média de produção da Caraíba, que é de 45 mil toneladas. Com isso, a Ero Brasil deve chegar a uma produção anual da ordem de 100 mil toneladas, o que a coloca em segundo lugar entre os produtores de cobre no Brasil. Depois, devido à característica do corpo mineral, a produção em Tucumã estabiliza em cerca de 35 a 40 mil toneladas. “A nossa expectativa, a depender do preço do cobre, é dobrar o nosso Ebitda em 2025, chegando a US$ 400 milhões, já que estamos planejando fechar 2023 com um Ebitda, nas operações, da ordem de US$ 200 milhões. Ou seja, com as condições de hoje, pretendemos dobrar a geração de caixa da companhia em 2025”, diz ele.
Além dos projetos Tucumã, Honeypot e Deepening, a Ero Brasil tem outras iniciativas. Uma é o projeto níquel, do qual a empresa identificou alguns alvos no Vale do Curaçá, na Bahia. Atualmente a companhia continua investindo significativamente em geologia para verificar qual é, de fato, a dimensão desse depósito, e como seria sua exploração econômica.
Outro projeto é avaliar parcerias estratégicas. “O Brasil tem vários depósitos potenciais na Bahia, no Pará, no Mato Grosso, e temos avaliado oportunidades de comprar ativos ou montar parcerias com alguma empresa para desenvolver ativos. Estamos bastante focados em avaliar essas oportunidades”, afirma De Come, acrescentando que o foco da empresa é investir no Brasil. “No passado, chegamos a receber algumas ofertas em outros países da América do Sul e até da Europa, mas entendemos que quando se avalia o potencial do Brasil e mesmo sabendo o quanto as coisas são complicadas por aqui, se compararmos com outros países em termos de estabilidade e regras, o Brasil não está fazendo tão feio. Sabemos que há um caminho grande até chegarmos ao que chamamos estabilidade jurídica, para ter mais segurança nos investimentos e que, quando comparamos com países europeus e com Austrália ou Canadá, vemos que há um caminho grande pela frente. Mas quando comparamos com países tradicionalmente produtores de cobre (Chile, Peru, República do Congo, Cazaquistão), vemos que são países que hoje representam uma insegurança até maior do que o Brasil. Então temos hoje claro que o nosso foco de investimentos é concentrado no Brasil. Nosso Interesse é focar no cobre e agora no níquel, uma oportunidade que apareceu. Mas o foco principal é procurar parcerias vinculadas ao cobre. Temos também uma produção de ouro no Mato Grosso, uma operação muito estável, o que nos dá oportunidade de olhar algumas outras oportunidades que aparecerem, mas o foco da Ero Brasil é continuar procurando oportunidades vinculadas ao cobre. As possibilidades são muito ligadas às regiões onde já temos atividade. Falamos do Pará, que é uma região potencialmente muito rica em minério, Norte da Bahia, onde estamos localizados e eventualmente algumas áreas mais centrais. O Norte do Mato Grosso tem um potencial grande”, opina De Come.
Veja a matéria completa na edição 434 de Brasil Mineral.