Fios elétricos irregulares de uma empresa alvo de operação “Elétron”, deflagrada no último dia (10), foram usados na iluminação pública da Serra. Os locais onde o material foi utilizado não foram divulgados.
O uso desses fios no município foi confirmado pelo deputado estadual e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), Vandinho Leite.
“O mais preocupante é que descobrimos que a prefeitura da Serra esta instalando iluminação pública com fios da marca investigada”, disse o parlamentar.
A utilização do material em serviços da prefeitura teria ocorrido por meio de empresa terceirizada
Segundo a Secretaria de Serviços da Serra, a prestadora de serviços tem autonomia para fazer a aquisição de materiais que sejam aprovados pelo Inmetro.
A Secretaria informou, ainda, que não tem ciência de que foram adquiridos ou instalados materiais da empresa investigada em suas obras e afirmou que irá se reunir com a empresa contratada para fazer um levantamento.
A instalação dos fios na iluminação pública de uma prefeitura da Grande Vitória já havia sido informada pela Polícia Civil. No entanto, o nome da prefeitura não havia sido divulgado.
O titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor, Eduardo Passamani, disse que a polícia irá apurar se a empresa tinha conhecimento da procedência dos fios.
A reportagem tentou entrar em contato por telefone com a empresa terceirizada que prestava serviços para a prefeitura, mas o responsável não estava no local. Assim que for feito esse contato, a matéria será atualizada.
40 mil metros de fios e cabos elétricos irregulares foram apreendidos
A segunda fase da operação Elétron apreendeu, nesta quinta-feira (19), 40 mil metros de fios e cabos elétricos considerados de fabricação irregular. De acordo com as investigações, o material era vendido por uma fábrica da Serra que havia sido interditada no dia 10 de agosto.
O empresário dono da empresa, que é morador do bairro Praia do Canto, em Vitória, foi preso na primeira fase da operação.
Dez empresas nas cidades de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica foram fiscalizadas durante a ação da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor, integrada com a Comissão de Defesa do Consumidor da Ales e com o Instituto de Pesos e Medidas do Espírito Santo (IPEM-ES).
Fios elétricos causam superaquecimento e curtos-circuitos
O laudo do IPEM-ES constatou que os fios elétricos da fábrica investigada apresentavam irregularidades de fabricação. De acordo com a polícia, a empresa interditada distribui mercadorias para pelo menos dez estados brasileiros e para todo o Espírito Santo.
Ainda de acordo com o laudo, os produtos poderiam causar superaquecimento da rede de energia, curtos-circuitos e contribuir com a alta do consumo de energia, gerando aumento na conta de quem utilizava.
A fábrica na Serra vendeu produtos irregulares para hospitais, igrejas, escolas, construtoras e diversas lojas de material de construção. As lojas, por sua vez, revenderam a mercadoria para um número incalculável de consumidores finais.
Segundo a polícia, a situação representa um verdadeiro risco à vida de inúmeros consumidores, já que os fios elétricos irregulares produzidos pela fábrica eram capazes de causar superaquecimento da rede de energia, curto circuitos e até mesmo incêndios.
O dono da fábrica já havia sido detido, em 2019, pelo mesmo crime. No entanto, na ocasião, ele pagou uma fiança de R$ 100 mil e foi liberado.