O Brasil, mesmo que aos poucos, está caminhando para o futuro da eletromobilidade. De sonho a realidade, o segmento de carros elétricos e híbridos cresceu muito em 2021. No entanto, já começou a superar os números em 2022. Isso porque, no primeiro trimestre deste ano, a venda de veículos eletrificados leves no Brasil teve um crescimento de 115% nos emplacamentos. No total, foram 9.844 unidades, contra as 4.582 no mesmo período do ano passado.
Os dados são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), que divulgou o levantamento nessa semana. De acordo com o órgão, o setor segue em uma tendência contrária ao mercado de carros a combustão, que teve uma queda de 25% nas vendas gerais.
Para se ter uma ideia, neste mês de março, foram vendidas 3.851 unidades. O que representou um aumento de 106% em relação ao mesmo mês em 2021 (1.872 vendas) e 12% em comparação a fevereiro, quando tivemos 3.435 modelos do setor emplacados. Além disso, vale destacar que, por conta dos números, março foi o terceiro melhor mês do segmento nos últimos anos. Ele foi superado apenas por dezembro e agosto de 2021, onde houve 4.545 e 3.873 vendas, respectivamente.
“O consumidor brasileiro já dá preferência aos veículos de baixa emissão de poluentes. Os números são claros: nos dois anos de pandemia, os eletrificados cresceram exponencialmente, enquanto o mercado de veículos a combustão regrediu”, afirmou o presidente da ABVE, Adalberto Maluf.
Meta de 100 mil carros eletrificados
A pesquisa confirmou que a frota de eletrificados leves no Brasil já soma 86.986 carros movidos a bateria. A conta foi feita com base no período de janeiro de 2012 até março de 2022. Dessa forma, contou com as vendas de automóveis, utilitários, SUVs e comerciais leves eletrificados, incluindo elétricos híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e totalmente elétricos (BEV).
Segundo a entidade, caso essa tendência continue a crescer no mercado, esse número poderá bater uma média de 100 mil veículos ainda no final deste semestre. Uma grande representatividade se pensarmos que, em 2020, o segmento representava apenas 1% do mercado geral.
“Mas a participação de mercado dos eletrificados ainda está abaixo do potencial do país. Apenas 2,6% no primeiro trimestre. Temos de avançar muito mais. Considerando somente os veículos elétricos plug-in (BEV e PHEV), esse porcentual cai para 0,8%”, completou Maluf.
Toyota e Volvo saem na frente
No segmento de híbridos a gasolina, etanol e flex fabricados no Brasil, a ABVE elencou que a Toyota ampliou a liderança no setor de eletrificados com a dupla Corolla e Corolla Cross. Em março, por exemplo, ambos representaram 65% das vendas totais, somando 2.504 unidades em relação ao total de 3.851.
Já quando o assunto é carros elétricos, a Volvo que ocupa o posto. Na pesquisa da ABVE, o modelo zero emissões mais vendido foi o XC40 Recharge, com 179 emplacamentos. De acordo com o registro da montadora, nesse primeiro trimestre, a marca vendeu 407 modelos, o que responde a 34,55% do total no segmento BEV.
Com esse número, a marca sueca alcançou o primeiro lugar no ranking de vendas de modelos elétricos no País. Além disso, a Volvo ainda destaca que, com a soma dos modelos híbridos e elétricos, são a 1.090 unidades comercializadas nos três primeiros meses do ano. Ou seja, 40,12% das vendas.
“Hoje nossa oferta no Brasil é somente de veículos eletrificados e agora, com o lançamento do nosso segundo modelo 100% elétrico, o C40, iremos intensificar ainda mais as vendas neste segmento”, comentou João Oliveira, diretor geral de operações e inovação da Volvo Car Brasil.
Elétricos sobem
Nos números levantados pela ABVE, o maior movimento de mudança ficou para os veículos com motorização 100% a bateria (BEV). Pela primeira vez, eles superaram, até mesmo, os híbridos plug-in, que decaíram em relação fevereiro. Assim, no total, foram 519 modelos elétricos emplacados em março contra 507 PHEVs. Em porcentagem, a representação fica com 13,5% e 13% do total.
Para a associação, o crescimento dos elétricos se deu por conta de duas possíveis tendências do mercado. A primeira é de que o compradores do segmento premium podem estar mais confiantes em comprar um BEV por conta do aumento do serviço de recarga no País. Em fevereiro, as estações públicas e semipúblicas chegaram a 1.250 unidades. Já a segunda, por outro lado, é por conta do compromisso que os grandes varejistas e empresas de logísticas assumiram com as questões ambientais, aumentando o comércio de modelos do tipo.