O aumento da demanda por cobre devido à transição energética pode causar a escassez global do metal. Um relatório de julho da analista norte-americana S&P Global aponta que a procura por cobre deve dobrar até 2035 – de 25 milhões para 50 milhões de toneladas.
O estudo, que leva em consideração as tendências anuais de mineração, diz que o mercado de cobre deve enfrentar um déficit de até 9,9 milhões de toneladas métricas até a metade dos anos 2030.
Se continuar assim, o ritmo de mineração atual vai conseguir cobrir 80% da demanda de cobre até 2030, segundo a Agência Internacional de Energia. O dado tem relação com a previsão de construção de novas redes elétricas para apoiar a transição energética.
O cobre só fica atrás da prata no desempenho de condução de energia elétrica, substituto número um dos combustíveis fósseis – os vilões das mudanças climáticas. Segundo o relatório da S&P Global, um VE (veículo elétrico) requer 2,5 vezes mais cobre que o usado para fabricar um automóvel de combustão interna, por exemplo.
Além disso, o metal também é usado em painéis solares, turbinas eólicas e baterias – protagonistas no combo de energias renováveis. Na comparação com a eletricidade gerada via gás natural ou carvão, a energia solar requer 2 vezes mais cobre por megawatt. A energia eólica offshore, por sua vez, demanda 5 vezes mais.
Como fica a mineração?
Além do cobre, outros metais e minerais como níquel, cobalto e manganês também devem enfrentar escassez nos próximos anos. A demanda não deve ser tão profunda quanto o lítio hoje, mas já é um sinal de alerta.
“Se quisermos atingir as metas de transição de energia, a quantidade de cobre que será usada nos próximos 28 anos excederá todo o consumo cumulativo de cobre que o mundo viu desde 1900”, estimou John Mothersole, diretor de economia de metais da S&P Global, para o site Emerging Tech Brew.
A suspeita, agora, é que a escassez pode dificultar o caminho até as metas climáticas a longo prazo. “Mesmo que as minas existentes aumentem a produção para níveis históricos e a reciclagem cresça, não haverá oferta de cobre suficiente para atender toda a demanda necessária para atingir emissões líquidas zero até 2050”, disse o relatório, com base nas metas da ONU (Organização das Nações Unidas).
A mineração em larga escala pode não ser a melhor resposta. Há casos em que a exploração desenfreada causou grandes problemas. Um caso recente é o buraco gigante que apareceu na região do Atacama, no Chile, no final de julho.
SOCAVÓN! Un socavón de aproximadamente 25 metros de diámetro se produjo este sábado en la Mina Alcaparrosa, Tierra Amarilla, #RegiónDeAtacama. Personal de @Sernageomin se constituyó ese mismo día para evaluar la situación y levantar recomendaciones. pic.twitter.com/WfwAwcP9Oc
— Sernageomin (@Sernageomin) August 1, 2022
O buraco já passou dos 50 metros de diâmetro e tem pelo menos 200 metros de profundidade, segundo autoridades chilenas. Ainda não se sabe exatamente o que motivou o sumidouro, mas ele fica perto de obras para abrir uma nova mina de extração de cobre.
A população local está em alerta: o buraco fica a apenas 600 metros de povoados e um hospital. “É um medo que sempre tivemos, o fato de estarmos rodeados por jazidas de mineração e obras subterrâneas”, disse o autarca da comuna de Tierra Amarilla, Cristóbal Zúñiga.