O cobre está com tudo. O terceiro metal mais usado do mundo, que é conhecido pelo homem há milênios e ajudou a tirar a civilização da era da Pedra, agora, está servindo para alimentar a transição energética.
Os preços subiram 20% em 2024. O desejo pelo metal vermelho é o motivo por trás da oferta de 38,6 bilhões de libras esterlinas (US$ 49,1 bilhões) pela mineradora Anglo American feita pela rival BHP, que depois acabou desistindo da ideia. O gestor de fundos hedge Pierre Andurand acredita que os preços podem quase quadruplicar para US$ 40 mil por tonelada nos próximos anos.
Também há outros sinais, menos nobres, de como o metal se tornou mais cobiçado: o roubo de fios de cobre aumentou 20%, em comparação a 2023, no sul da Inglaterra, segundo as polícias de Hampshire e da Ilha de Wight.
As aplicações industriais do cobre em redes elétricas, nas fábricas e nos painéis de energia solar fazem dele um termômetro do crescimento da economia como um todo e explicam seu apelido de “Dr. Cobre”. A economia verde deverá impulsionar a demanda e, segundo a S&P Global Commodity Insights, a fará quase dobrar até 2035. Veículos elétricos, por exemplo, usam quatro vezes mais cobre que seus equivalentes tradicionais.
Nem todas as perspectivas para o futuro são brilhantes. A China, maior consumidora mundial, antecipou muitas compras de metal em 2023. O país tampouco está prestes a embarcar em alguma onda frenética de construções, não importa o que se pense sobre o plano de socorro governamental para o anêmico setor imobiliário chinês.
Além disso, riscos políticos pairam sobre o setor. O papel do cobre em produtos verdes nem sempre é acompanhado pela disposição para sua extração. O Panamá fechou a Cobre Panamá, uma das maiores e mais novas minas de cobre do mundo, no fim de 2023, por preocupações ambientais. Minas peruanas também foram fechadas ou encolhidas em razão de protestos públicos.
Investidores de varejo interessados em acompanhar os que apostam na alta do metal têm várias maneiras de ganhar exposição. Primeiro, podem fazer (em menor escala) como a BHP e comprar ações de mineradoras. A gigante do setor, a chilena Codelco, está nas mãos do Estado. Há, contudo, mineradoras com ações negociadas em bolsa, como a australiana BHP, que deve superar a Codelco em produção neste ano. Com ações nos Estados Unidos, há as opções da Freeport-McMoRan e da Southern Copper, e no Reino Unido, as da Antofagasta e da Glencore. Também há a Teck Resources, que tem sede no Canadá, e a chinesa, Zijin Mining, ambas presentes no setor de cobre.
Não existe mineradora que esteja sempre livre de polêmicas, então diversificar faz sentido. Vários ETFs (fundos negociados em bolsa como se fossem uma ação) em conformidade com as normas do Reino Unido reúnem mineradoras de cobre e dão opções aos investidores interessados em seguir esse caminho.
Aqueles que desejam evitar pás e picaretas têm outras opções. É possível comprar fisicamente cobre, assim como se pode comprar lingotes de ouro. Isso, porém, não é para o investidor de varejo comum. Primeiro, porque os lotes na Bolsa de Metais de Londres são de 25 toneladas, o que custaria cerca de US$ 275 mil pelos preços atuais – e ocuparia toda a sua sala de estar.
Além disso, investir em compras físicas de cobre como uma commodity negociada em bolsa (ETC) caiu em desuso. O custo de armazenamento, segurança e seguro, todos muito maiores como proporção do custo do que no caso do ouro, tornaram esses investimentos uma opção pouco atraente (e, portanto, em grande parte inexistente nos dias de hoje).
Em vez disso, considere os fundos que investem em contratos futuros, como os oferecidos pela WisdomTree. Da mesma forma em outras commodities, eles já vêm com as taxas de armazenamento incluídas: em um mercado em alta, normalmente os preços no longo prazo terão uma curva ascendente, e depois continuarão ainda mais para o alto, em parte para cobrir esses custos.
Atualmente, o contrário se aplica: a curva de futuros da Bolsa Mercantil de Chicago (CME, na sigla em inglês) está invertida, com os contratos de longo prazo mais baratos que os à vista.
Os mais convencidos em apostar na alta têm a opção de investir em fundos alavancados, que podem multiplicar os retornos por dois ou, se desejado, por três, em comparação àqueles do índice de referência, enquanto os mais pessimistas podem apostar na queda, também por meio de fundos. Seja para um lado ou para o outro, este metal do futuro não é apenas para investidores institucionais; aqueles com menos recursos também podem participar.