Com o agravamento da crise hídrica, a indústria passou a traçar estratégias para evitar que eventuais apagões prejudiquem ou interrompam suas operações. Empresas e associações de setores eletrointensivos, que têm a energia elétrica como importante componente de custos, informam que vêm optando pela compra de equipamentos que tragam redução do consumo e por investimentos em cogeração em suas unidades. No caso dos fabricantes de celulose e papel, além da energia elétrica, um eventual racionamento de água é outro ponto de incerteza no curto prazo.
Grandes grupos industriais contratam seu fornecimento no mercado livre, ambiente que responde por cerca de 30% do consumo de energia elétrica no país. As indústrias de metais, química e papel e celulose estão entre as maiores consumidoras.
Na Termomecânica, fabricante de ligas de cobre e alumínio, o plano para enfrentar a crise é acionar fornos a gás caso o custo ou o consumo de energia ultrapasse o estimado. No setor de máquinas e equipamentos, há perspectiva de investimentos em placas solares e geradores a diesel para acionar nos horários de pico, segundo o presidente da associação do setor (Abimaq), José Velloso. “Essa é uma medida que terá que acontecer para preservar os negócios”, disse.
A autoprodução de energia entre as siderúrgicas já é comum e garante proteção em caso de apagão ou racionamento. Na ArcelorMittal, a geração própria responde por 50% do consumo da companhia.
No setor químico, além do risco de escassez da água usada no processo produtivo ou de racionamento, há receio dos efeitos do maior acionamento das usinas termelétricas nos custos. “A crise vai atingir em cheio a indústria química naquele que é o melhor trimestre do ano [o terceiro] e num momento em que a demanda cresce”, disse Fátima Coviello Ferreira, da Associação Brasileira da Indústria Química.
A percepção é que a elevação de custos virá tanto da energia mais cara quanto do maior consumo de gás natural pelas térmicas, já que o gás também é matéria-prima da indústria química.